A tabela LARVA

As características morfológicas das larvas de peixe variam drasticamente ao longo do seu desenvolvimento

As característica morfológicas das larvas de peixe - assim como o seu nicho ecológico - podem ter variações drásticas no curso do desenvolvimento larvar, i.e., do período de eclosão até ao período de metamorfose. Isto é verdade para as proporções do corpo assim como para a pigmentação. Espinhos, dentes e raios das barbatanas começam a desenvolver-se por volta da metade do tempo de desenvolvimento larvar. Esta variabilidade dificulta a identificação das larvas de peixe.

Froese (1990) desenvolveu e comparou diferentes métodos informáticos para identificação de larvas de peixe, incluindo taxionomia numérica, sistemas especializados, e bases de dados relacionais. Concluiu que a utilização de uma base de dados é mais simples, pois a maior parte das larvas podem ser identificadas através de uma combinação de apenas algumas características (ver também Froese 1988, 1989; Froese et al. 1989, 1990; Froese & Papasissi 1990).

Fontes

Até à data, a tabela LARVA cobre cerca de 300 espécies, a maior parte do Norte Atlântico e Mediterrâneo. As informações mais relevantes foram retiradas de mais de 300 referências tais como d'Ancona (1956); Russel (1976); Fahay (1983); Moser et al. (1984) e Halbeisen (1988). Está planeado incluir as mais recentes publicações sobre larvas de peixe, no entanto, ver comentários sobre potenciais colaboradores na secção ICTIOPLÂNCTON.

Campos

Para pós-larvas (i.e., larvas num estádio de desenvolvimento entre a absorção do saco vitelino e a metamorfose), a tabela dá o comprimento na altura da primeira ingestão de alimento, os meses em que a larva ocorre, os parâmetros típicos da água e sua variação, ou seja, profundidade, temperatura, salinidade, pH, e a concentração de oxigénio.

Devido à sua variabilidade, várias das características descritivas, merísticas e morfométricas são indicadas, desde os estádios "iniciais" até aos "finais".

Características óbvias reduzem drasticamente o número de espécies possíveis numa sessão de identificação

Devido à sua variabilidade, várias das características descritivas, merísticas e morfométricas são indicadas, desde os estádios "iniciais" até aos "finais".

Para as características descritivas, a tabela determina características óbvias tais como "olhos salientes" ou "focinho em forma de tubo", e formas, tais como "anguiliforme" ou "giriniforme". Uma vez que estes tipos são raros, o número possível de espécies numa sessão de identificação é reduzida.

A forma do tubo digestivo também é um carácter distintivo, e pode ser: triangular, esférico ou de forma circular, alongado, em tubo, ou aberrante.

A bexiga gasosa pode ser visível, invisível ou pigmentada.

Uma armadura de espinhos pode estar presente em diferentes locais da cabeça.

Fiadas de melanóforos podem estar presentes na cauda como: dorsais; ventrais; laterais, dorsais e ventrais; dorsais e laterais; ventrais e laterais; dorsais, laterais e ventrais; sem fiadas. Foi demonstrado que estes padrões de pigmentação são muito importantes na identificação de larvas de peixe (Halbeisen 1988; Froese 1990).

Outros padrões de melanóforos podem estar presentes na cauda, cabeça e tronco, e estão classificados em dois campos de escolha adicionais.

A região do uróstilo e o peritoneu podem ser pigmentados. As barbatanas peitorais e pélvicas podem estar ausentes ou terem uma forma característica, com ou sem melanóforos.

Características merísticas: indicam o número total e/ou pré-anal de miómeros ou vértebras.

Características adicionais das pós-larvas são dadas num campo de texto.

Por fim, a tabela LARVAS contém características métricas sob a forma de percentagem de um comprimento de referência, i.e., comprimento pré-anal, comprimento pré-peitoral, comprimento pré-orbital, diâmetro do olho, altura ao nível do olho, altura das peitorais, e altura ao nível do ânus, para estádios pós-larvares iniciais, intermédios ou finais.

Para a larva com saco vitelino, a tabela descreve primeiro a típica área larvar num campo de texto. Depois apresenta o local de desenvolvimento; comprimento no momento da eclosão; o comprimento pré-anal (i.e., da ponta do focinho até ao ânus) como percentagem do comprimento total; a forma e pigmentação do saco vitelino; a consistência do vitelo; e o número, posição e pigmentação dos glóbulos de óleo no vitelo.

A pigmentação da larva com saco vitelino, na cabeça, tronco e cauda, é classificada nos padrões mais comuns, e a identificação é feita através de uma entrada principal. Características adicionais são apresentadas num campo de comentários.

Como chegar lá

Chega-se à tabela LARVAS clicando no botão Biologia na tabela ESPÉCIES, no botão Reprodução na tabela BIOLOGIA e no botão Larvas na janela REPRODUÇÃO.

Agradecimentos

Gostaria de agradecer a contribuição do último Hans- Wilhelm Halbeisen, que demonstrou que os padrões de pigmentação nas larvas de peixe podem ser classificados, e a quem desenvolveu - baseado nesta descoberta - a primeira chave concisa de identificação de larvas de peixe para uma vasta área. A maior parte dos desenhos de larvas na FishBase são baseados em ilustrações desta chave (Halbeisen, 1988). Também queria agradecer ao Dr. Wolfgang Welsch a sua ajuda na digitalização de vários desenhos de larvas de peixes. Por fim, agradeço a Christina Papasissi pela realização de várias medições na secção morfométrica na tabela LARVAS.

Referências

d’Ancona, U. 1956. Uova larve e stadi giovanili di Teleostei. Ordine Synentognathi, Famiglia 1: Scomberesocidae. Fauna Flora Golfo Napoli, Monogr. 38:157-164.

Fahay, M. 1983. Guide to the stages of marine fishes occurring in the Western North Atlantic, Cape Hatteras to the Southern Scotian shelf. J. Northwest Atlantic Fish. Sci. 4, 423 p.

Froese, R. 1988. The use of quadratic discriminant functions in connection with video-based measurements for identification of fish larvae. ICES C.M. 1988/L:11, 8 p.

Froese, R. 1989. Computer-aided approaches to identification. II. Numerical taxonomy. Fishbyte 7(3):25-28.

Froese, R. 1990. Moderne Methoden zur Bestimmung von Fischlarven. Universität Hamburg. Doctoral thesis. 260 p.

Froese, R., W. Schöfer, A. Röpke and D. Schnack. 1989. Computer-aided approaches to identification of aquatic organisms: the use of Expert Systems. Fishbyte 7(2):18-19.

Froese, R., I. Achenbach and C. Papasissi. 1990. Computer-aided approaches to identification. III. (Conclusion). Modern databases. Fishbyte 8(2):25-27.

Froese, R. and C. Papasissi. 1990. The use of modern relational databases for identification of fish larvae. J. Appl. Ichthyol. 6:37-45.

Halbeisen, H-W. 1988. Bestimmungschlüssel für Fische der Nordsee und angrenzender Gebiete. Ber. Inst. Meereskd. 178, 76 p.

Moser, H.G., W.J. Richards, D.M. Cohen, M.P. Fahay, A.W. Kendall and S.L. Richardson, Editors. 1984. Ontogeny and systematics of fishes. Am. Soc. Ichthyol. Herpetol. Spec. Publ. 1, 760 p.

Russell, F.S. 1976. The eggs and planktonic stages of British marine fishes. Academic Press, London, 524 p.

Rainer Froese